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sábado, 25 de janeiro de 2020

MITOS E VERDADES SOBRE DEFICIÊNCIA MENTAL/INTELECTUAL

O mito: as pessoas com deficiência intelectual são doentes.
A verdade: a deficiência intelectual pode ser conseqüência de uma doença, mas ela não é uma doença; é uma “condição”. Nunca se deve usar expressões como: “doentinho”, “bobinho”, “criancinha” quando se referir a uma pessoa com deficiência intelectual. É importante também ressaltar que a deficiência intelectual não é uma doença mental.
O mito: as pessoas com deficiência intelectual são muito, ou totalmente dependentes.
A verdade: a pessoa com deficiência intelectual habilitada para o trabalho, geralmente, já freqüentou uma escola regular e/ou instituição especializada que a preparou para ser o mais independente possível. Portanto, em um ambiente corporativo, ela deve fazer sozinha tudo o que puder, e ser ajudada, somente se for realmente necessário. Não se pode subestimar nem superestimar a capacidade dessa pessoa, porque suas habilidades não estão vinculadas, exclusivamente, às suas limitações. Existem pessoas com Síndrome de Down, por exemplo, que são muito independentes, estudam, trabalham, andam sozinhas pelas ruas, se casam, tem vida sexual ativa, e ajudam a família. Existem também muitas pessoas com deficiência intelectual que vão e voltam do trabalho com total independência, além de terem autonomia para decidirem sobre sua carreira dentro de uma empresa.
O mito: as pessoas com deficiência intelectual necessitam de super-proteção.
A verdade: Não. Impedi-las de experimentar a vida é negar sua possibilidade de alcançar níveis cada vez maiores de independência e de autonomia.
O mito: as pessoas com deficiência intelectual são mais carinhosas e dóceis.
A verdade: as pessoas com deficiência intelectual são, em geral, bem dispostas, carinhosas e gostam de se comunicar. Mas, não são MAIS ou MENOS. São apenas pessoas que podem ou não ter essas características.
O mito: as pessoas com deficiência intelectual são mais agressivas e/ou muito carinhosas (“grudentas”).
A verdade: a agressividade é uma forma da pessoa administrar sua convivência na realidade, desenvolvida no período de sua história de vida. Não está associada a qualquer deficiência e pode ser característica de qualquer pessoa, tendo ou não uma deficiência. As pessoas com deficiência intelectual podem ou não ser muito carinhosas, como uma pessoa sem deficiência. Os comportamentos podem ser alterados de acordo com a necessidade de um grupo de pessoas, portanto, explicar ao novo funcionário com deficiência intelectual, caso seja necessário, que naquele ambiente de trabalho ele deve agir de determinada forma, é fundamental para um bom relacionamento com essa pessoa.
O mito: as pessoas com deficiência intelectual são como crianças.
A verdade: uma pessoa com deficiência intelectual é uma pessoa com qualidades e defeitos. Quando criança deve ser tratada como a criança que é. Quando adolescente, ou adulto, deve-se tratá-la de acordo com sua faixa etária. A capacidade de interagir em sociedade, e conseqüentemente, no ambiente de trabalho deve ser avaliada hoje de acordo com os critérios da CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade – que equilibra fatores clínicos, comportamentais e sociais.
O mito: as pessoas com deficiência intelectual são “muito” inteligentes.
A verdade: muitas pessoas esperam menos da pessoa com deficiência, especialmente, a pessoa com deficiência intelectual. Assim, quando constatam nela capacidades e produtividade, é comum dizerem “são muito inteligentes!” Na verdade, super-avaliar a inteligência da pessoa é tão discriminatório quando sub-avaliá-la. A pessoa com deficiência intelectual pode vir a apresentar dificuldade para aprender, especialmente quando se trata de conteúdos e conceitos abstratos, ou que dela exigem maior memorização. Seu ritmo de aprendizagem também pode vir a ser menor. Porém, o mais importante a se saber é que para cada característica identificada, há uma forma para compensar a limitação e promover sua produtividade e funcionamento.
O mito: as pessoas com deficiência intelectual só têm “condições mentais” de trabalhar em oficinas abrigadas, dentro de instituições especializadas.
A verdade: existem sim, pessoas com deficiência intelectual que devido aos seus comprometimentos e limitações se desenvolvem melhor trabalhando em instituições especializadas, mas isso, não tira o total direito delas participarem de processos de seleção, junto aos seus familiares e/ou profissionais especializados (conscientizados do processo de inclusão) – caso seja necessário – com o objetivo de verificar seus potenciais para determinadas funções. Trabalhar em sociedade, no ambiente de uma abriga, loja, ou escritório, por exemplo, é extremamente enriquecedor para todos. As pessoas com deficiência intelectual irão, finalmente, conquistar uma oportunidade de mostrar o quanto são capazes, e muitas vezes não puderam compartilhar suas habilidades com as que não têm deficiência. E as pessoas sem deficiência têm a grande oportunidade de conviver com personalidades, habilidades, e potenciais diferentes dos quais estão acostumadas, pois a sociedade sempre marginalizou e segregou as pessoas com deficiência intelectual. Ninguém pode julgar uma experiência sem nunca ter realmente experimentado! Antes de dizer que um funcionário com deficiência intelectual não tem condições de exercer determinada tarefa é preciso realizar um teste, assim como são avaliados (além do período de experiência de 3 meses, segundo a CLT) outros candidatos sem deficiência quando vão concorrer a uma vaga de emprego.


sábado, 18 de janeiro de 2020

Os 10mitos da contratação de pessoas com deficiência



Os sócios da Egalitê apontam os equívocos e distorções que levam grande parte das empresas a descumprir as exigências legais de inclusão no mercado de trabalho

A inclusão de pessoas com deficiência (PCD) no mercado de trabalho tem aparecido cada vez mais na imprensa e no dia-a-dia no Brasil. Essa abordagem constante revela um amadurecimento da economia e da sociedade brasileira. Mas traz à tona também um profundo desconhecimento da grande maioria das pessoas sobre a realidade das pessoas com deficiência.

O art. 93 da Lei 8.213/91, popularmente chamado de “Lei de Cotas”, determina um percentual mínimo de 2% de colaboradores PCD em empresas com mais de cem funcionários e que chega a 5% naquelas que tem mais de mil. A legislação que é a mola propulsora da inclusão no país trouxe uma realidade que revelou que o brasileiro médio ainda tem dificuldades nessa relação, sendo esta uma das razões pelas quais a maior parte das empresas não consegue ainda cumprir a legislação e promover esta inclusão social.

Como nas antigas tribos, o desconhecimento gera mitos para explicar o que não se entende adequadamente. Este texto pretende auxiliar na desmistificação de alguns pontos que infelizmente temos visto em algumas organizações quando o assunto é inclusão de pessoas com deficiência.

MITO 1: NÃO HÁ TANTAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
O primeiro dos mitos é de que não existem pessoas com deficiência para cumprir as cotas. Atualmente temos aproximadamente 325 mil pessoas com deficiência no mercado de trabalho. E o IBGE detectou que 23,9% da população possui algum tipo de deficiência - ou seja, são mais de 40 milhões de brasileiros. Embora muitos deles não se enquadrem nas cotas, sejam aposentados ou jovens demais para o mercado de trabalho, a realidade é que muitas pessoas com deficiência estão ainda fora do mercado - que não consegue incluir a todos. O que falta para as empresas é a capacidade de enxergar a potencialidade de cada pessoa. Uma vez que a empresa aprende a incluir, os mesmos candidatos que eram barrados nos processos seletivos começam a ingressar na corporação. Conhecemos casos de alguns que, antes reprovados, ingressaram na organização e foram rapidamente promovidos.

MITO 2: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA SÃO INCAPAZES
É um mito comum, e antigo. A “incapacidade” era um termo utilizado até mesmo por legislações que não condiziam com a realidade da maior parte das pessoas com deficiência. Por óbvio, algumas pessoas com deficiência podem ter sua capacidade laborativa impossibilitada, como nos casos de pessoas que ficam vegetativas, mas a sociedade ocidental percebeu esse erro de avaliação em um processo histórico, em especial após a segunda guerra mundial, quando profissionais extremamente capazes voltaram com deficiências das batalhas e com algumas adaptações tecnológicas puderam dar sua importante contribuição para a reconstrução das sociedades em um novo tempo de paz. Em um local adaptado às necessidades de cada indivíduo, é extremamente comum que o resultado de uma pessoa com deficiência seja superior ao de pessoas que não tem deficiência.

MITO 3: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA SÃO DESQUALIFICADAS
Outra inverdade. Pessoas com deficiência formam um grupo juridicamente titular de direitos similares, mas com demandas sociais, culturais e educacionais que são extremamente heterogêneas. Se é verdade que o Brasil tem fortes problemas educacionais, e que pela falta de acessibilidade em algumas localidades esse problema se agrava para as pessoas com deficiência, é também importante lembrar que a maior parte das deficiências não tem relação com as capacidades cognitivas das pessoas. E é um verdadeiro absurdo imaginar que uma pessoa que tem uma vida profissional como a de tantos outros perde sua capacidade laborativa por algum infortúnio - por exemplo, um acidente de carro que tire os movimentos das pernas do profissional.

MITO 4: AS COTAS SÃO PARA DEFICIENTES FÍSICOS
Por motivos socioculturais, muitos se referem às pessoas com deficiência como deficientes físicos. Ou confundem uma coisa e outra e acham que os direitos das pessoas com deficiência são exclusivos de cadeirantes e amputados, excluindo deste conceito as pessoas com deficiências auditivas, visuais, intelectuais, psicossociais e múltiplas. Pela Egalitê, trabalhamos com todos os tipos de deficiências em nossos projetos de inclusão. Todos trazem seus resultados quando suas realidade são respeitadas. E todas as pessoas com deficiência tem acesso aos direitos da inclusão.

MITO 5: OS SURDOS-MUDOS NÃO SABEM SE COMUNICAR
Sobre os surdos estabeleceram-se alguns mitos, em especial sobre sua comunicação. Surdo-mudo é uma interpretação histórica (e equivocada) de que as pessoas surdas não falam, quando na verdade muitas delas apenas não aprenderam a oralizar. Por outro lado, muitas pessoas com deficiência aprendem a oralizar e a se comunicar dessa forma. Também não é verdade que os surdos não conseguem aprender adequadamente o português. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) tem uma estrutura diferente do português e os surdos que são alfabetizados em LIBRAS muitas vezes escrevem dentro dessa estrutura mas, se forem ensinados em português, podem, sim, aprender.

MITO 6: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA SÓ QUEREM SE “ENCOSTAR”
É comum também ouvir-se que as pessoas com deficiência procuram empregos para se “encostar”. E que quando elas tem dificuldades nas relações com a empresa, em alguns casos se utilizam da informação do descumprimento das cotas para negociar sua posição. Ora, isso só ocorre quando o projeto de inclusão de pessoas com deficiência estiver sendo mal gerido. A Lei de Cotas obriga ao cumprimento de uma cota, mas não há nada na norma legal que diga se “A” ou “B” são as pessoas com deficiência que devem estar na empresa. Dessa forma, pessoas com deficiência podem ser demitidas quando não existe uma relação positiva empregado/empregador. Basta, para isso, que exista uma reposição e um cumprimento da cota pela empresa. Também temos visto que em projetos de inclusão com gestores preparados para liderar processos inclusivos, colegas sensibilizados e acompanhamento das pessoas com deficiência, as empresas atraem candidatos interessados em trabalhar e fidelizam os mesmos oferecendo um ambiente saudável e inclusivo. Todos - inclusive as pessoas com deficiência - querem um emprego onde possam se desenvolver profissionalmente.

MITO 7: PESSOAS COM DEFICIÊNCIA SÃO HERÓIS
Quando não temos conhecimento sobre inclusão, as pessoas conhecem apenas os grandes exemplos de superação das pessoas com deficiência. Os grandes feitos, os superatletas paraolímpicos, as grandes histórias de pessoas com deficiência são várias e enchem de orgulho os que as conhecem, mas a realidade das pessoas com deficiência é feita de pessoas comuns que apenas querem o seu espaço e não devem ter a responsabilidade de grandes feitos todos os dias. O que as pessoas com deficiência querem é oportunidades de inclusão.

MITO 8: ACESSIBILIDADE CUSTA CARO
Primeiramente, estamos falando de algo mais do que acessibilidade arquitetônica. Acessibilidade é tudo aquilo que envolve permitir o acesso de tudo a todos. Esclarecido que rampas e banheiros adaptados são ferramentas importantes de acessibilidade, mas não esgotam o tema, devemos discorrer sobre os custos. Boa parte das obras são muito mais baratas do que se imagina, e existe como promover a acessibilidade gratuitamente. Mudanças de comportamentos podem ser lideradas por gestores preparados sem custos adicionais. Existem ferramentas tecnológicas, como leitores de telas, que são gratuitos - e às vezes a mera mudança no layout da sala, mantendo-se o mesmo mobiliário, pode permitir a inclusão das pessoas com deficiência. A chave está em conhecer para incluir.

MITO 9: SE TEM RAMPA É ACESSÍVEL
Por fim, mas não menos importante está a concepção de que se a empresa tem uma rampa é uma organização inclusiva. Muitas empresas constroem uma rampa, adaptam um banheiro e não entendem como o seu projeto de inclusão não está andando. Como dissemos as demandas das pessoas com deficiência são heterogêneas entre si, e a acessibilidade arquitetônica, embora importantíssima, não é a única relevante. Temos visto na acessibilidade humana, conceito que explica os comportamentos humanos que permitem o acesso de tudo a todos, uma ferramenta tão ou mais importante do que a acessibilidade arquitetônica, porque de nada adianta uma rampa se o gestor não contrata cadeirantes.

MITO 10: A INCLUSÃO GERA PERDA DE PRODUTIVIDADE
A possível perda de produtividade por força da contratação de pessoas com deficiência é o medo de nove em cada dez empresas - em especial as indústrias. Certamente, se você colocar uma pessoa em uma vaga que ela não tem condição de preencher sua empresa terá perda de produtividade. Mas obviamente isso somente ocorrerá quando o recrutamento for realizado equivocadamente. Da mesma forma, se uma pessoa sofre preconceito ou é mal recebida em um ambiente ela produz menos do que se trabalhasse em um ambiente adequado e receptivo. A falta da produtividade não vem da inclusão, mas sim da falta de inclusão em alguns ambientes. Recrutamento assertivo orientado por potencialidades e um ambiente preparado são as ferramentas da empresa inclusiva para não perder produtividade.

Como se vê, o desconhecimento sobre o tema tem levado a generalizações que prejudicam a inclusão das pessoas com deficiência. Como solução para os projetos de inclusão no mercado de trabalho, temos visto que a chave do sucesso está na educação do comportamento das pessoas preparadas para incluir como verdadeiros agentes multiplicadores da inclusão social.

Sócios da Egalitê Recursos Humanos Especiais, empresa que atua na inclusão de Pessoas com Deficiência (PCD) dentro das organizações.