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sábado, 20 de julho de 2019

Para facilitar a vida do Cadeirante

COMO COLOCAR UM CADEIRANTE NA PISCINA?

Alguns poucos lugares possuem cadeiras elétricas ou guinchos para colocação do cadeirante na piscina. Na maioria dos lugares, o cadeirante só chega na piscina carregado. Nunca é demais lembrar que, caso a cadeirante esteja de biquini, é bom redobrar o cuidado no carregamento de forma a evitar top less.

Meu ex técnico Tiago me ensinou a pular da borda da piscina. Isso facilita bastante a entrada na água. Só que eu acho desconfortável, sem falar no tapão que a água dá no meu bumbum quando cai dentro da piscina feito uma jaca podre!

O Gustavo, meu atual técnico, já faz diferente. Ele me senta na beira da piscina, entra dentro d’água e só depois me carrega pelo tronco. Assim não corro o risco de me lesionar e evito problemas na lombar.

Durante as competições de natação, o técnico não pode entrar na piscina. Com isso, ele me carrega pelos braços para entrar na piscina. Fico flutuando de costas e ele segurando meu pé na parede até que seja dado o sinal da largada. Na hora de sair da piscina, ele me iça pelos braços. É preciso muita força! Atletas mais pesados costumam ser resgatados com a ajuda de espaguetes e de salva vidas.

COMO SUBIR / DESCER ESCADAS?

Escadas ou um simples degrau são verdadeiros transtornos na vida de um cadeirante. No mundo ideal, que espero existir um dia, as escadas nunca seriam utilizadas pelos cadeirantes. Apenas rampas, elevadores e plataformas. Como isso ainda não é viável, tenho três opções quando preciso subir/descer escadas:

1 – Ajuda de apenas uma pessoa.

Até hoje, só tive coragem de fazer isso com o Tiago e com o Gustavo, já que a academia onde faço natação não é adaptada. Os dois aprenderam a subir/descer a escada sem precisar de ajuda. Eles sempre brincam que é a hora da musculação. Para tanto, eles empinam a cadeira e utilizam apenas as rodas grandes. Sempre fazem isso com muito cuidado. Felizmente, até hoje, nunca tivemos um acidente.

Quando estudava na PUC, tentei fazer isso com meu pai. Por sorte, testamos na primeira parte da escada, que era pequena. A cadeira acelerou e fomos parar na parede!

2 – Duas ou mais pessoas ajudando.

Quando a escada é larga, costumo ser carregada por duas ou mais pessoas. Assim o peso fica bem dividido. O problema é contar com a sorte e sincronismo dos ajudantes. Qualquer passo em falso é um desastre. Meu joelho se lembra até hoje do meu tombo na escadaria da PUC com três colegas!

Quando são apenas duas pessoas, pode-se fazer de duas formas: na primeira, cada pessoa carrega um braço da cadeira (digo o lugar onde a pessoa empurra a cadeira de rodas) e um pé da cadeira (lembrete: sempre pergunte ao cadeirante em qual local poderá segurar na cadeira sem que ela se solte). Ou seja, uma pessoa cuida do lado direito e a outra do lado esquerdo da cadeira de rodas. Particularmente, não gosto muito dessa opção.

Na segunda opção, uma pessoa carrega a parte de cima da cadeira e a outra o local de colocar os pés. Eu me sinto mais segura nessa opção, mas sempre complica pra quem carrega os pés. Às vezes o pé da cadeira tromba nos pés da pessoa e aí salve-se quem puder. Quando fui fazer minha pós graduação, tive que subir escadas dessa forma. O ajudante que levava os pés caiu de bunda no chão, quando faltavam apenas dois degraus. Por sorte, o outro ajudante segurou a cadeira e evitou nosso tombo.

Outra opção alternativa seria descer com a cadeira empinada, com as rodas tocando cada degrau, e ter a ajuda de outra pessoa só pra dar um apoio psicológico e ajudar em caso de emergência. Como diz minha irmã caçula, a segunda pessoa só faz figuração. Só finge que ajuda! Segura o pé da cadeira só pra dar um apoio psicológico.

Quando a escada é estreita, tenho preferido subir/descer carregada no colo e deixar que outra pessoa leve a cadeira de rodas vazia. Fica bem mais seguro!

3 – Três pessoas.

Na minha época de faculdade, sempre usava essa opção. O ajudante mais forte e alto levava a parte de trás da cadeira. Outro ajudante segurava no lado direito da cadeira (geralmente, na barra próxima ao assento) e o último segurava o lado esquerdo. Nesse caso, é preciso contar com a sorte e rezar muito para que os ajudantes tenham sincronismo e cuidado. Vocês não imaginam o barulho que faz uma cadeirante com três homens caindo escada abaixo! Paramos o prédio 34 nesse momento… o ideal nessa opção é que sempre deixem a pessoa mais forte carregar a parte de trás da cadeira. Os carregadores laterais devem ter alturas semelhantes.

Por conta dos inúmeros sustos que passei sendo carregada em escadas, tive que recorrer à utilização de cintos de segurança! As pessoas morrem de rir de mim, mas sempre ando com eles. Melhor pagar o mico de andar amarrada do que correr o risco de cair e me machucar.


COMO SUBIR / DESCER RAMPAS?

Muitas pessoas leigas acham que a rampa é a salvação do cadeirante. Melhor uma rampa íngreme e esburacada do que uma escada. Na verdade, as coisas não são bem assim! A rampa só é segura e confortável quando respeita a inclinação prevista nas normas da ABNT. Já passei sustos em rampas tão íngremes a ponto de empinar a cadeira de rodas motorizada. Nem preciso dizer que, nesses casos, a rua toda ouviu meus gritos de susto!

Lembrem-se sempre que, ao descer uma rampa, além de ter a certeza que seu sapato não escorregará e de se sentir apto pra isso, desça sempre de ré. Para subir uma rampa, suba com a cadeira de frente pra rampa.

É sempre bom contar com pisos antiderrapantes. Em caso de receio, nunca tenha medo de falar que não se sente apto para ajudar a pessoa. Melhor ser sincero do que dar uma de super herói atrapalhado. O cadeirante, a menos que seja um ser de pouca luz, entenderá na hora e te agradecerá.

COMO SUBIR / DESCER UM DEGRAU?

Para descer um degrau com segurança, a cadeira de rodas deve ser puxada de ré. Já na subida, pise no ‘tubo’ inferior da cadeira para empiná-la e suba de frente. Tentar subir um degrau de ré costuma dar bons arrancos no pescoço do cadeirante.

Nunca puxe a cadeira de rodas sem avisar o cadeirante.

Tinha uma ‘amiga’ na Cemig, na minha época de estágio quando estava no CEFET, que adorava puxar minha cadeira de rodas quando eu estava distraída e de costas pra ela. Um dia cheguei a cair tombada na mesa. Ao longo dos anos, melhorei bastante meu equilíbrio. Mas ele ainda é bem fraquinho. Semana passada, quase matei meu amigo de susto. Estávamos trabalhando, eu concentrada com meus programas, quando ele puxou minha cadeira de rodas para me dar uma carona até a sala de reuniões. Eu dei um pulo e meus braços caíram sobre a mesa fazendo um barulhão. O menino ficou vermelho de vergonha. Mas eu é que estava mole demais e bem distraída. Agora, lá no banco, sempre que vão me dar uma carona e estou de costas pra pessoa, eles me avisam!

Nunca tenha medo de utilizar palavras como correr, andar e pular.

Tem gente que morre de vergonha e falta de graça quando, conversando comigo, utiliza expressões como: vamos dar uma corridinha ali, vamos andar até no shopping ou vamos dar um pulinho na casa de fulano?

Não se preocupem! Cadeirante é gente como qualquer pessoa e utiliza as mesmas palavras. Da mesma forma que um cego utiliza o verbo ver, nós, cadeirantes, utilizamos os verbos andar, pular, correr, dançar, etc.


sábado, 13 de julho de 2019

Os Desafios que Deficiência visual enfrenta

As barreiras enfrentadas pelos deficientes visuais vão além das limitações físicas. Isso ocorre porque questões sociais interferem bastante na mobilidade de quem não pode contar com todos os sentidos. Em Alagoas, os deficientes visuais reclamam que os maiores desafios são o descumprimento das legislações que envolvem questões de mobilidade e inclusão social. Diante disso, é preciso driblar as dificuldades para fazer tarefas simples como andar na calçada, pegar um ônibus ou ir a uma padaria.

Os problemas vão desde a falta de estrutura de calçamentos e calçadas a ausência de sinal sonoro em semáforos. Para quem tem a mobilidade limitada, qualquer tarefa pode se tornar um desafio quando a lei de acessibilidade não é respeitada. E, entre tantas questões, a falta de consciência e respeito da população se torna outro grande obstáculo.

A reportagem do G1 acompanhou um deficiente visual que estuda na Escola de Cegos Cyro Accioly, no centro de Maceió, e pode observar que até em ruas próximas ao prédio da escola pública a falta de acessibilidade é um transtorno para os deficientes. José Cícero da Silva, 38, perdeu a visão há dois anos e passa pelo desafio de reaprender a andar nas ruas e fazer as tarefas simples do dia a dia.

Quando ele anda pelas ruas da cidade a bengala ajuda, mas não impede que o novo estudante passe por inúmeras dificuldades que poderiam ser amenizadas através do bom senso das pessoas que possuem negócios e trafegam pelas vias. Como está tendo aulas de locomoção há apenas dois meses na Cyro Accioly, José Cícero ainda depende de pessoas para se locomover.

Acompanhado de uma instrutora, ele saiu pelas ruas no entorno da escola de cegos para demonstrar o quanto as questões de mobilidade são importantes para atender a demanda de milhares de pessoas com deficiência que circulam pela cidade.

Ao começar o trajeto, bastou José Cícero passar pelo portão da escola para se deparar com as primeiras barreiras. São buracos, veículos estacionados indevidamente nas calçadas, entulho e lixo nos pontos de circulação de pessoas, além de correntes que delimitam espaço para estacionamento; tudo isso espalhado ao longo de calçadas irregulares.

“É muito difícil andar sozinho. Um percurso curto pode demorar um tempo enorme. Como já enxerguei, ainda tenho mais noção dos lugares que vou, mesmo assim é bastante complicado”, relataou José Cícero.

Para o estudante, o desrespeito piora a situação. Ele conta que muitas pessoas não sabem como lidar com um deficiente visual e outras não se importam em ter atitudes que demonstrem respeito. “Não queremos que nos ajudem a andar, apenas que deixem o espaço livre para podermos nos locomover mais rápido, sem risco de esbarrar em algum obstáculo”, falou.

José Cícero relatou que já perdeu as contas de quantas vezes se deparou com empecilhos nas ruas da capital alagoana. “Já esbarrei em orelhão e placas espalhadas. Acho que o poder público deveria fiscalizar melhor as ruas, principalmente lugares de maior concentração de pessoas, como o centro da cidade. Nós somos cidadãos. Temos o direito de ir e vir sem ser expostos a riscos”, reclamou.

A professora e fisioterapeuta Albanize Mirindida Bomfim, do departamento de Orientação e Mobilidade da Cyro Accioly, trabalha há muitos anos com pessoas cegas. Para ela, apesar de alguns avanços que têm sido feitos para que seja cumprida a lei, ainda há muita coisa a ser feita.

Durante o trabalho, ela orienta pessoas sobre como ter mais mobilidade e ao longo do tempo ganhar independência. “Quando nós fazemos uma análise mais atenta dos lugares, percebemos que a falta de acessibilidade não está apenas nas ruas, mas também em repartições públicas, bancos e áreas de lazer”, falou.


Quando o aluno está apto para sair sozinho às ruas, ele começa a usar uma bengala branca. “Ela representa a autonomia do deficiente visual. Se as pessoas encontrarem alguém com uma delas, podem ter certeza de que essa pessoa sabe se locomover. Mas isso não impede que o deficiente visual sinta algumas dificuldades, que podem ser minimizadas com uma maior conscientização da sociedade”, afirmou.

Assim como Silva, Simões diz que o maior problema enfrentado é a falta de acessibilidade. “Para vir à escola no centro eu saio sozinho porque o ônibus para muito próximo. Já para a faculdade preciso que meu irmão me leve porque o ponto de ônibus é longe e as calçadas são complicadas para chegar lá”, falou.


domingo, 7 de julho de 2019

O Amor entre duas pessoas com Down

Paul Scharoun-DeForge morreu quinta-feira passada em Syracuse, de complicações relacionadas com a doença de Alzheimer. Ele tinha apenas 56 anos, e sua mãe, Lorraine DeForge, disse que sua vida foi totalmente o oposto das previsões que alguns médicos ofereceram a Lorraine e seu marido, Frank, quando Paul nasceu.

“Eles nos disseram para não esperar muito”, disse Lorraine, que se lembra de ter sido aconselhada a deixar seu filho recém-nascido em uma instituição e depois de ir embora.

Em vez disso, Paul viveu uma vida monumental e tornou-se parte de uma história de amor pioneira e importante, que atraiu a atenção internacional.

Ele nasceu com síndrome de Down. Em 1994, Paul se casou com sua esposa Kris, uma jovem que conheceu em um baile. A decisão foi outro avanço na revolução dos direitos civis que mudou a vida de inúmeros americanos com deficiência de desenvolvimento. Kris também nasceu com síndrome de Down, e acredita-se que seu casamento de 25 anos esteja entre os mais longos da história de duas pessoas com essa condição genética.

“O que eles fizeram”, disse Lorraine, “abriu caminho para outros casais”.

Um ano atrás, eu escrevi uma matéria para o The Buffalo News que documentou seu compromisso de longa data. A história foi levada a um público internacional por meio de canais como o Readers Digest e o Today, demonstrando o feito que esse casal tranquilo alcançou.

Como acontece com muitos adultos com síndrome de Down, Paul começou a mostrar sinais iniciais de demência. Durante o maior tempo possível, Kris Scharoun-DeForge – apoiado por seus amigos e familiares – pediu ao estado que permitisse ao casal ficarem juntos no apartamento em Syracuse, onde moravam, com apoio da equipe.

Finalmente, os problemas médicos de Paul tornaram isso impossível e ele se mudou para uma residência comunitária que oferecia cuidados de enfermagem intensivos. Susan Scharoun, irmã de Kris, disse que ele ainda passava um tempo com Kris, em sua nova casa ou mais frequentemente em seu apartamento.

Paul e Kris Scharoun-DeForge, quando eles renovaram seus votos em agosto em seu 25º aniversário. (Foto de familia)

Mesmo em seus meses finais juntos, o casal teve alguns momentos memoráveis. No verão passado, Kris estava se recuperando de pneumonia quando Paul parou para vê-la em seu aniversário dia 13 de agosto no Hospital da Universidade de Upstate, em Syracuse. Ambos estavam em cadeiras de rodas quando renovaram seus votos matrimoniais na capela do hospital.

“Foi como se Paulo tivesse acordado”, disse Scharoun. “Ele sorriu e estendeu a mão e pegou a mão dela.”

Seis meses depois, no dia dos namorados, Kris, de 59 anos, se recuperou da doença e passou o dia com Paul. Eles receberam uma visita surpresa do Harmony Katz, um quarteto de barbearia que soube do seu extraordinário romance.

Enquanto ouviam as músicas favoritas como “Deixe-me chamá-lo de namorada”, Kris abraçou o marido.

“Ela sempre nos disse que quando ela via Paul, ela via seu futuro”, disse Scharoun.

Quanto a Paul, sua vida fez a ponte entre uma era de grandes mudanças para aqueles que nasceram com deficiência de desenvolvimento. A criança que médicos queriam colocar em uma instituição, terminou o ensino médio, dominava o sistema de ônibus Syracuse, realizou vários trabalhos e se tornou uma figura cívica familiar, um cara cuja ética de trabalho e natureza altruísta fez com que ele fosse homenageado como “Pessoa do Ano “em 2013 pela ARC da cidade de Onondaga.

Paul e Kris Scharoun-DeForge no dia do casamento, 1994. (Foto de família)

Kris Scharoun-DeForge sempre gostou de fazer cartões e obras de arte, e Susan Scharoun disse que ela está trabalhando em uma montagem de fotos para o serviço memorial do sábado às 11h na Igreja Imaculada Coração de Maria, em Liverpool.

Pouco antes de sua morte, ela desenhou uma foto de uma borboleta pendurada na parede na cama de Paul, com uma nota dizendo-lhe como ele era “o homem dos meus sonhos”. Kris soube quinta-feira de seus irmãos da morte de seu marido, e Scharoun disse que Kris descreveu sua dor desta forma:

Eu choro um pouco para desabafar, e então eu paro.”

Lorraine DeForge continua grata por Kris e por todo o apoio que teve ao seu filho desde que nasceu. O conforto de Paul na comunidade como um todo foi reforçado cedo por seu vínculo com os irmãos e irmãs. Não foi surpresa para Lorraine que seu filho Jerry estivesse com Paul no instante em que ele morreu.

“Nós o tratamos como a pessoa mais importante do mundo”, disse Jerry sobre o relacionamento de Paul com seus sete irmãos DeForge. “Não era porque ele tinha síndrome de Down ou qualquer outra coisa.”

Eles tinham 14 meses de diferença, e eram próximos desde que os dois andaram juntos, irmãos que aprenderam lado a lado a andar de bicicleta e compartilharam beliches por anos no mesmo quarto.

“Ele era meu amigo antes de ser meu irmão”, disse Jerry. “Tudo o que eu fiz, ele fez, e o que ele fez, eu fiz.”

Esse pacto foi mantido até o final, quando Jerry sentiu o que estava prestes a acontecer. Ele perguntou às enfermeiras da sala se podia, então ele subiu na cama e abraçou seu irmão.


sábado, 6 de julho de 2019

10 Dicas para falar com Deficiente auditivo

Antes de qualquer coisa, é importante saber que existe mais de um tipo de deficiente auditivo. Não somos todos iguais (in)felizmente.
Existem os “verdadeiros” deficientes auditivos que, tal como diz o nome, tem algum tipo de perda auditiva de leve a moderada, que geralmente se resolve com aparelhos auditivos. Com eles, basta você falar um pouco mais alto, mas pelamordosdeuses, não fale como se você estivesse falando num megafone, porque o aparelho já ajuda muito. E, mais importante, espere ele dizer pra aumentar a voz, senão perigam os tímpanos dele estourarem junto com as suas cordas vocais!

Além deles, existem os surdos sinalizados, mais conhecidos como Surdos. Muita gente acha que são mudos,  embora a maioria (se não todos) tenha voz, apenas não costuma usá-la ou porque não aprendeu o necessário ou porque tem vergonha/não gosta, eles falam uma língua própria, chamada Língua Brasileira de Sinais ou simplesmente Libras. Uma boa parcela nasceu surda ou perdeu a audição antes da formação plena da fala. São também chamados de surdos pré-linguais.

Há também, um grupo grande, mas menos conhecido e facilmente confundido com deficiente auditivo. São os surdos oralizados, que se comunicam através da fala oral, lêem os lábios e o aparelho comum ou oimplante coclear podem ou não resolver o problema de audição deles. Podem ser surdos adquiridos após a aquisição plena da fala (chamada surdez pós-lingual) ou surdos de nascimento que aprenderam a falar com fonoterapia. Quando esses também falam a língua de sinais, são chamados de surdos bilíngües.

A língua de sinais não é igual ao português, tem morfologia e sintaxe próprias, é um idioma independente. Não pense que basta aprender os sinais pra falar Libras. Como qualquer outra língua, é preciso estudar a gramática e estruturação da frase pra dominar esta língua.

Agora que já se sabe quais são as cores e sabores dos deficientes auditivos, voilà as dicas.

naturalidade. Não adianta falar separando as sílabas ou articulando demais. Além de você acabar fazendo careta o tempo todo – que certamente o surdo terá que se segurar pra não rir – além de provocar dores no maxilar, periga você acabar se perdendo na linha de pensamento. Devagar, sim. Em 33 rotações, só se seu objetivo for matar o interlocutor de tédio.

Fale de frente pra ele. Se passar uma linda deusa na sua frente e você precisar virar o rosto, faça uma pausa. Cada virada de rosto é uma sílaba ou palavra perdida que poderiam alterar completamente o sentido da conversa. Jogos de adivinhação são supimpa, mas podem causar um grande mal entendido desnecessário.

O volume da voz deve ser de acordo com a perda de audição da pessoa. Claro que você não precisa ser adivinho. Comece falando com o tom de voz habitual. Se necessário, a pessoa te avisa que precisa que você fale um pouquinho mais alto, mais baixo ou mantenha do jeito que está. Além do mais, se a pessoa tem surdez quase total, não adianta gritar. Se você gritar ou falar sem voz dá na mesma. Ela apenas lê seus lábios.

Surdo sinalizado geralmente lê os lábios pelo menos um pouquinho. Se você perceber ou souber que o surdo é usuário exclusivo da Libras e realmente precisar falar com ele, fale de maneira simplificada. Ele provavelmente irá te entender e responder como puder (falando oralmente, por sinais ou até escrevendo). Ficar com medo de falar com ele, faz com que ele ache que você tem medo DELE. Surdos não mordem (a não ser que você peça).

Surdos oralizados falam oralmente, tal como diz o nome. Achar que todo surdo fala libras também é uma gafe feia. Chegar achando que está abafando porque aprendeu alguns sinais pode ser indecoroso. Muitos não apenas não falam a língua de sinais, como não tem interesse de aprender. Com eles, você pode falar normalmente. Se não entender, ele avisa, claro. A voz dele pode soar estranha pra quem não está acostumado com ela, mas ele sabe disso, fique tranquilo. Apenas tenha um pouquinho de boa vontade e fique a vontade pra pedir pra ele repetir, caso você não entenda alguma coisa…

Não tenha medo de cometer gafes com figuras de linguagem, como:
“Você está me ouvindo”
“Nossa, você já tinha ouvido falar nisso?”
“Ei, ouve essa…” não fazem um surdo te odiar.

Às vezes, as pessoas acham que surdos/deficientes auditivos são, na verdade, pessoas antipáticas. Porque falam com elas e elas não respondem, já que a deficiência não é visível. Se, por ventura, você se deparar com uma pessoa que não responde quando você fala com ela estando virado, existe alguma chance dela não ter boa audição. Na dúvida, pergunte.

Para chamar um surdo, você precisa de algum sinal visual ou tátil.
Você pode abanar as mãos, acender e apagar uma luz ou até tocar o ombro dele de leve. Mas, jamais dê um cutucão com força ou um tapa agressivo.


Surdo não casa apenas entre si. Se você tem curiosidade de saber se o(a) namorado(a)/cônjuge dele(a) é surdo também, pergunte.
Chegar falando com a outra pessoa como se ela também fosse surda, é uma gafe perigosa.

Uma das piores gafes que os ouvintes infelizmente cometem, é achar que a deficiência auditiva afeta o intelecto (alias, qualquer deficiência, convenhamos). A menos que o surdo não tenha recebido educação adequada – o que acontece sim, mas é uma infelicidade não tão comum – ele tem a inteligência de uma pessoa normal. Não se preocupe em achar que ele não é bem informado ou que não vai entender alguma coisa. Como qualquer pessoa, ele pode ou não estar informado sobre determinado assunto (como música, por exemplo), pode ou não entender determinada coisa, mas isso, ele te fala.