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domingo, 30 de setembro de 2018

Mães deficiência Visual que cuida dos filhos sozinha

Laura Freitas tem deficiência visual desde que nasceu e enfrenta o desafio de ser mãe há 14 anos, quando teve o primeiro filho. Ela conta que as dificuldades não são muito diferentes das mulheres que enxergam. “Duvidavam que eu pudesse cuidar dos meus filhos por ser cega. As pessoas ficam curiosas e se reprimem em perguntar, mas eu gosto de responder. Sei que eu posso. É importante que as pessoas também saibam. Sempre acreditei que eu ia conseguir. E eu amo ser mãe! Foi o melhor presente que Deus me deu” afirma.

Com 32 anos, Laura é mãe de Gabriel, 14 anos, e Vinícius, de 8 anos. Trabalha como revisora de braile no Centro de Referência em Educação e Atendimento Especial do Ceará (Creaece), em Fortaleza. Ela diz que está afastada por falta de material. “Trabalho de dois a três períodos. A dificuldade maior é não ter com quem deixar os meus filhos”. Para isso, recorre muitas vezes ao auxílio da mãe Marta.

A cegueira de Laura é hereditária. “Eu nasci assim”, afirma. Ela explica que a sua adaptação com foi 'desde sempre'. No caso de pessoas que já enxergaram um dia, mas que depois perderam a visão, a adaptação é diferente. “Sempre me senti igual”, disse.

Diferenças e adaptações
Na casa de Laura, os objetos permanecem distribuídos sempre no mesmo lugar para facilitar a localização e locomoção dela. “Na minha casa, eu sou independente. Gosto de cozinhar, fazer sobremesas...”, conta.

Laura Freitas e o filho Vinícius, de 8 anos.
(Foto: Marina Holanda/G1)

Acompanhada do mais novo, ela destaca o que há de especial na sua relação com os filhos. “Filho de cego é mais atencioso, mais responsável. Eles têm o cuidado de avisar quando vão sair de perto de mim, diferente de quando estão com a avó, ficam mais livres”, explica.

Táticas
“O que eu encontro de mais diferente, é que no início, muitas coisas eu precisava perguntar. Coisas relativas a cores em atividades da escola, ou medições. Uma das táticas que eu tinha, quando eu ia dar remédio ao bebê, por exemplo, era aproximar o conta-gotas do meu ouvido para escutar quantas gotas estavam caindo. Ia no instinto. No segundo filho, já foi mais fácil.”

A realidade das mães cegas são distintas e variam em cada caso. Segundo a experiência de Laura com outras mulheres do Creaece, há mães com deficiência visual que se tornam muito dependentes da ajuda de outras pessoas e que terminam por se acomodar a essa condição. “Eu ando e saio só, porque eu quis assim. Incentivo eu tive pouco. Se eu fosse rica, eu tinha era mais [filhos]!” conta Laura entre risos. “Eu digo pra ela que nós somos duas mulheres sofredoras, mas fortes” completa Marta, mãe de Laura.


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