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sábado, 13 de julho de 2019

Os Desafios que Deficiência visual enfrenta

As barreiras enfrentadas pelos deficientes visuais vão além das limitações físicas. Isso ocorre porque questões sociais interferem bastante na mobilidade de quem não pode contar com todos os sentidos. Em Alagoas, os deficientes visuais reclamam que os maiores desafios são o descumprimento das legislações que envolvem questões de mobilidade e inclusão social. Diante disso, é preciso driblar as dificuldades para fazer tarefas simples como andar na calçada, pegar um ônibus ou ir a uma padaria.

Os problemas vão desde a falta de estrutura de calçamentos e calçadas a ausência de sinal sonoro em semáforos. Para quem tem a mobilidade limitada, qualquer tarefa pode se tornar um desafio quando a lei de acessibilidade não é respeitada. E, entre tantas questões, a falta de consciência e respeito da população se torna outro grande obstáculo.

A reportagem do G1 acompanhou um deficiente visual que estuda na Escola de Cegos Cyro Accioly, no centro de Maceió, e pode observar que até em ruas próximas ao prédio da escola pública a falta de acessibilidade é um transtorno para os deficientes. José Cícero da Silva, 38, perdeu a visão há dois anos e passa pelo desafio de reaprender a andar nas ruas e fazer as tarefas simples do dia a dia.

Quando ele anda pelas ruas da cidade a bengala ajuda, mas não impede que o novo estudante passe por inúmeras dificuldades que poderiam ser amenizadas através do bom senso das pessoas que possuem negócios e trafegam pelas vias. Como está tendo aulas de locomoção há apenas dois meses na Cyro Accioly, José Cícero ainda depende de pessoas para se locomover.

Acompanhado de uma instrutora, ele saiu pelas ruas no entorno da escola de cegos para demonstrar o quanto as questões de mobilidade são importantes para atender a demanda de milhares de pessoas com deficiência que circulam pela cidade.

Ao começar o trajeto, bastou José Cícero passar pelo portão da escola para se deparar com as primeiras barreiras. São buracos, veículos estacionados indevidamente nas calçadas, entulho e lixo nos pontos de circulação de pessoas, além de correntes que delimitam espaço para estacionamento; tudo isso espalhado ao longo de calçadas irregulares.

“É muito difícil andar sozinho. Um percurso curto pode demorar um tempo enorme. Como já enxerguei, ainda tenho mais noção dos lugares que vou, mesmo assim é bastante complicado”, relataou José Cícero.

Para o estudante, o desrespeito piora a situação. Ele conta que muitas pessoas não sabem como lidar com um deficiente visual e outras não se importam em ter atitudes que demonstrem respeito. “Não queremos que nos ajudem a andar, apenas que deixem o espaço livre para podermos nos locomover mais rápido, sem risco de esbarrar em algum obstáculo”, falou.

José Cícero relatou que já perdeu as contas de quantas vezes se deparou com empecilhos nas ruas da capital alagoana. “Já esbarrei em orelhão e placas espalhadas. Acho que o poder público deveria fiscalizar melhor as ruas, principalmente lugares de maior concentração de pessoas, como o centro da cidade. Nós somos cidadãos. Temos o direito de ir e vir sem ser expostos a riscos”, reclamou.

A professora e fisioterapeuta Albanize Mirindida Bomfim, do departamento de Orientação e Mobilidade da Cyro Accioly, trabalha há muitos anos com pessoas cegas. Para ela, apesar de alguns avanços que têm sido feitos para que seja cumprida a lei, ainda há muita coisa a ser feita.

Durante o trabalho, ela orienta pessoas sobre como ter mais mobilidade e ao longo do tempo ganhar independência. “Quando nós fazemos uma análise mais atenta dos lugares, percebemos que a falta de acessibilidade não está apenas nas ruas, mas também em repartições públicas, bancos e áreas de lazer”, falou.


Quando o aluno está apto para sair sozinho às ruas, ele começa a usar uma bengala branca. “Ela representa a autonomia do deficiente visual. Se as pessoas encontrarem alguém com uma delas, podem ter certeza de que essa pessoa sabe se locomover. Mas isso não impede que o deficiente visual sinta algumas dificuldades, que podem ser minimizadas com uma maior conscientização da sociedade”, afirmou.

Assim como Silva, Simões diz que o maior problema enfrentado é a falta de acessibilidade. “Para vir à escola no centro eu saio sozinho porque o ônibus para muito próximo. Já para a faculdade preciso que meu irmão me leve porque o ponto de ônibus é longe e as calçadas são complicadas para chegar lá”, falou.


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