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sábado, 8 de junho de 2019

como carregar um Cadeirante ?

COMO CARREGAR UM CADEIRANTE?

Ri demais de um texto, que li no Blog do Cadeirante, onde ele explicava sobre as principais diferenças entre o cadeirante fêmea e o cadeirante macho. Mesmo estando sob a mesma condição de cadeirante, homens e mulheres possuem suas particularidades. Nunca devemos nos esquecer disso! Por exemplo, o que fazer quando é preciso carregar um cadeirante? Existem algumas formas de se fazer isso. A minha preferida é ser carregada no estilo noiva. Aí entra a vantagem de ser mulher e pesar menos de 50 kg.

Sempre encontro algum homem disposto a me carregar. Nesse tipo de carregamento, apenas uma pessoa entra em contato físico com a gente. Felizmente, são raros os casos em que o ajudante engraçadinho resolve tirar uma casquinha! Mas quando se trata de um cadeirante, nem sempre é viável esse carregamento.

Certa vez, estava indo a um barzinho com minha irmã caçula e prima. Quando ia sair do carro, apareceu um homem lindo e ofereceu ajuda pra me tirar do carro. Minha prima, na mesma hora, dispensou o garoto. Eu reclamei e disse que era maldade dispensar um gatinho! Ela me respondeu dizendo que havia dispensado o menino porque eu estava de vestido.

Nem tinha me lembrado disso! Mas, depois disso, criei uma senha. Sempre que falo a palavra mágica, a ajuda acontece. Assim, nunca mais tivemos problemas de comunicação.

Por falar em vestido, quando forem ajudar uma cadeirante, sempre se lembrem desse detalhe! É preciso carregá-la com modos de forma a evitar que faça um strip público e gratuito. Nem sempre saímos de casa com a melhor das lingeries! Cansei de fazer exposição da minha figura por causa da incompatibilidade entre usar vestidos e ser carregada. Atualmente, procuro me prevenir usando um shortinho, meia calça ou uma calcinha bem fashion.

Carregar uma cadeirante de vestido não é nenhum bicho de sete cabeças. Basta se lembrar de prender o vestido junto com as pernas. Uma coisa que já reparei é que alguns homens ficam sem graça de ajudar quando a mulher está com as pernas à mostra. Muitos já me falaram que não iriam me oferecer ajuda, pois ficariam chateados se sua filha, mãe, irmã ou mulher fosse carregada por um desconhecido, sabendo que este encostaria nas suas pernas.

Pelo sim, pelo não, já que preciso sempre de ajuda para realizar minhas transferências, tenho evitado usar vestidos para ir trabalhar. Assim não deixo os bombeiros que me carregam sem graça e nem corro o risco de fazer um strip no banco.

A segunda forma que mais me agrada nos carregamentos é aquela em que uma pessoa segura meu tronco e outra carrega minhas pernas. Essa é a forma mais indicada para se carregar uma pessoa. No Sarah, eles sempre recomendam isso, pois, nesse caso, a coluna dos ajudantes ficará menos comprometida.

Um inconveniente que vejo nessa opção é que algumas pessoas se esquecem que nós, mulheres, temos o peito sensível. Já cansei de ter meus seios amassados. Quando se está de TPM então… dá pra ver estrelas. Na primeira vez em que fui ao salão de beleza que frequento hoje, quase chorei de tanto rir do meu cabeleireiro.

Quando foi me carregar dessa forma, eu comecei a escorregar e ele teve que me laçar pelo peito pra que não caíssemos. Ele morreu de vergonha. Falou que eu nunca mais voltaria ao salão após ter sido assediada por ele. É claro que, em alguns casos, esse tipo de amasso acontece e é inevitável. Mas, quando forem ajudar alguma cadeirante, lembrem-se desse detalhe!

Outra forma de se carregar um cadeirante, também com a ajuda de duas pessoas, é a seguinte: cada pessoa carrega um lado do corpo. Por exemplo, o cadeirante passa um braço no pescoço de cada ajudante. O ajudante da esquerda carrega a perna esquerda do cadeirante e, a outra pessoa, a perna direita.

Nesse caso, é preciso sincronismo entre os ajudantes. Caso contrário, problemas à vista. Já passei por situações engraçadas e vexatórias com esse tipo de carregamento. Num dia, por exemplo, ao descer de uma van, estava com as pernas tão abertas que parecia estar em trabalho de parto ou fazendo exame ginecológico.

Não sou muito a favor de receitas. Pra mim, a melhor opção é sempre perguntar. Em caso de dúvida ou medo, nada melhor do que perguntar ao cadeirante qual a melhor maneira de ajudá-lo. Assim, evitamos ajudas atrapalhadas e situações que possam deixar alguém envergonhado.

Vale lembrar que os cadeirantes se dividem em paraplégicos e tetraplégicos. Normalmente, os paraplégicos possuem muita força nos braços e conseguem realizar suas transferências de forma independente ou com pouca ajuda. As dicas de hoje valem mais para um tetraplégico.


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